quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Raiva

Cheguei e gritei contigo, naquele tom de voz elevado que só eu consigo ter. Aquele tom de voz que te faz ver que estou mesmo zangada, lixada. Atirei-te as chaves, os meus sapatos vermelhos, os papéis do banco e umas tantas esferográficas que estavam em cima da mesa redonda.
Não queria saber minimamente se o teu dia foi mau o suficiente, estava disposta a torná-lo ainda pior. Sou uma cabra, eu sei.
Só queria ver-te verter lágrimas de sangue, e estava bastante segura que te ia amassar e estripar e cozinhar esse coração, da mesma maneira que deitaste o meu para o chão e o pisaste.
Enquanto expressava a minha raiva, o meu ódio fisicamente, as palavras saíam sem eu sequer ponderar sobre elas. Era um vómito de palavras talvez despropositado e escusado, mas era agressivo ao ponto de voarem para o ar de livre vontade.
Mas tu não te ficavas. Aparentemente sou um ser hipócrita e infantil. Obrigado por me dares a conhecer um novo eu. Odeio-te!
E pior, odeio o meu ódio. Odeio odiar. Odeio odiar porque me forçaste a odiar. Mas não consigo parar! Isto é pelos 50 lenços de papel que estão usados e amarrotados na minha mesinha de cabeceira. Isto é pelas lágrimas quentes e salgadas que gastei contigo. Isto é pela força que destruiste. Isto é pelos ideias, e pelas coisas que fizeste com que eu deixasse de acreditar. Isto é por me teres tornado um ser frágil e assustado, que finje ser a super-mulher. Isto é por me teres tornado numa miserável de espírito. Isto é por tudo!

Alexandra Mendes

Um comentário:

  1. Chaninha, eu AMEI este texto, está tão lindo. Parabéns pelo blog, esta espectacular *
    Beijos :)

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