quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Ah?

Estou deitada no sofá. Mastigo uma chicla de morango e ouço a "Blood in my eyes" do grande Bob Dylan. Enquanto que os meus pés marcam o ritmo da música, a minha mão direita tenta confortar e namorar o meu cabelo.
Estou de calções, tenho frio. Mas não me apetece levantar para ir buscar umas calças e esbarrar com as recordações que o meu quarto traz ao meu cérebro. Porque é que um génio qualquer não se decidiu a inventar uma máquina de apagar recordações seleccionadas? Ou então uma máquina de voltar atrás no tempo? Ou melhor, uma máquina para conseguir parar o tempo? Lembram-se de tudo menos disso. Seria bastante útil.
Vejo o sol a tentar espreitar, mas que se lixe, não te vou abrir persiana. Já te bastam as cortinas abertas.
Sabes o que queria? Queria saber rasgar fotos. Saber rasgar o peito. Saber rasgar substantivos abstractos. Parecendo que não, esses são difíceis de rasgar. Talvez quando tirar o doutoramento em cirurgia plástica consiga encontrar o raio das gavetas onde se escondem, e aí, possa finalmente exterminá-los.
Vai sonhando. Sonhar não faz mal. Recordar faz. Pensar também. Sonhar não.
Sonha. Sonha!
Alexandra Mendes

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