sábado, 10 de abril de 2010

Debaixo da ponte

Conheci um vagabundo
com barba de Deus.
Cheiro nauseabundo
e trapos quase tão rotos e gastos
quanto suas teorias
pregadas aos ratos.

Mesmo assim sorria
com o nirvana em seus olhos.
Ao falar parecia que bebia
do copo com o vinho mais vermelho,
e ao ouvir, lia-nos a alma
tão ou melhor que o nosso espelho.

Alexandra Mendes

Letras do engate

Sopras-me a cantar
pelo meu ouvido atento.
Tento ouvir-te sem beijar
mas o oxigénio convence-me
e eu não aguento.

Depois vem a Lua do amor
e as rimas sem tino saem.
Mas tenho de despir as palavras
seja de que maneira for,
para que os meus olhos não desmaiem.

Alexandra Mendes