quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

pi-pi

Perdi-me nas conversas que zumbiam no autocarro. Tudo ouvia, tudo esquecia sem qualquer reflexão, ou tentativa de escutar.
Olhava para a janela e deixava-me a contemplar a maravilha da correria. Tanta luz, tanto movimento, tanta pressa. Uns a falar com mini-caixinhas de comunicação, outros a resmungar com a miudagem no banco de trás, outros a sacudir as cinzas dos cigarros com cara de quem está sem paciência, outros ainda a olhar para fora, e provavelmente a fazer o mesmo que eu: tentar esquecer as buzinadelas. Todos em máquinas com rodas. Todos mecânicos. Todos animais.
Entretanto as minhas rugas da testa contraíram-se e questionaram-se para onde iria tanta gente, com tanta pressa.
Para casa. Para as suas casas. Oh! A pressa de chegar a casa é tanta. Só espero que a pressa não esteja também no querer sair depois.

Alexandra Mendes

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